20 de mar. de 2013

"Casamento, um direito de todos!"




"Casamento, um direito de todos!"
Matéria da Revista G-Size - Edição 01 (Pág.16 e 17)


            A causa LGBT tem sido alvo de muitos debates ultimamente, principalmente assuntos relacionados ao casamento homoafetivo. Percebe-se que uma boa parte da sociedade está aberta a essa discussão. Uma outra parte nem tanto assim, a exemplo da grande passeata que ocorreu na França no final do ano passado contra o casamento gay. O povo saiu às ruas para protestar contra um projeto de lei - promessa eleitoral do atual presidente socialista François Hollande - que redefine "o casamento como sendo um vínculo estabelecido entre duas pessoas, e não apenas entre um homem e uma mulher". Muito digna essa atitude, embora tenha que lutar contra uma grande parte da população, que em meio a uma crise enfrentada pela Europa prefere ir às ruas protestar contra os direitos dos outros em detrimento de seus próprios direitos, como emprego e etc.
            Aqui no Brasil, a União estável já é lei. Com certeza uma conquista muito merecida. Talvez nem imaginemos o tanto que isso seja importante. Eu pude presenciar o caso de um amigo que viveu quase vinte anos com um rapaz. Quando esse amigo faleceu, seu companheiro, ao chegar em casa, deparou-se com suas malas “feitas” na porta de casa. E “feitas” pela sua família, a mesma família que nunca foi a favor do relacionamento dos dois.
O que significou vários anos de companheirismo, tudo que construíram juntos, todos os momentos difíceis que compartilharam e todo o cuidado que teve com ele no final da vida? Fui chamada para depor no julgamento dos bens para testemunhar que realmente eles eram um casal. Todo esse transtorno teria sido evitado se existisse o casamento como vínculo legalmente constituído naquela época. Casos como esses são comuns, mas agora com as novas leis tudo se torna mais simples. O Casamento Civil é um direito fundamental de qualquer pessoa, em que os casais, independente do sexo, têm direitos e deveres jurídicos, constituindo-se uma "entidade familiar", ou seja, uma "família", que muito embora não aceita por todos, tem que ser respeitada.

            Tive um casamento heterossexual durante 16 anos e tive 2 filhos. Num determinado dia me vi apaixonada por uma mulher. Muitas coisas se passaram na minha cabeça, dúvidas, frustrações. Principalmente o medo do preconceito. Todo esse preconceito podemos ver claramente quando observamos a forma de falar de certas figuras públicas como Silas Malafaia e Jair Bolsonaro contra os homossexuais. Infelizmente, a forma que eles pensam reflete o pensamento de muitos. Então, tive que tomar uma decisão, continuar uma vida de aparências ou  enfrentar minha realidade. Decidi me separar, encarar o que realmente sou e o que gosto. Eu me assumi. Com certeza essa foi uma das decisões mais difíceis da minha vida, mas também a mais importante, porque a partir dessa decisão consigo ser verdadeiramente EU MESMA.
            O primeiro passo para a felicidade é a aceitação de si mesmo como pessoa, como cidadão, como ser humano, independente de sua opção sexual.
            A manifestação na França foi um sucesso em número de pessoas, mas ela não vai conseguir impedir que a igualdade de direitos seja cumprida.
            Eu me vejo assim hoje, como uma pessoa que vai lutar pela causa LGBT, pelo casamento igualitário, no qual as pessoas do mesmo sexo podem e devem constituir família, terem filhos e principalmente serem felizes.


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              Well Mah